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Por que preferimos as músicas da nossa adolescência?
Como a ciência explica esse fenômeno que faz a nostalgia ser tão poderosa nas pistas
por Fabrício Lopes - 24/09/2024
Por que preferimos as músicas da nossa adolescência?
por Fabrício Lopes - 24/09/2024
Você já parou pra pensar por que certas músicas têm aquele poder especial de nos fazer viajar no tempo, trazendo à tona lembranças e emoções que a gente nem sabia que estavam lá? Pois um estudo publicado na revista Marketing Letters pode ter a resposta: a nostalgia!
Os pesquisadores descobriram que, em geral, a gente tende a preferir as músicas que bombavam quando tínhamos uns 17 anos. Esse fenômeno, chamado de “pico de preferência musical”, mostra que as músicas que ouvimos na adolescência e começo da vida adulta deixam uma marca que carregamos pro resto da vida.
No estudo, mais de 1.000 participantes, com idades entre 18 e 84 anos, ouviram trechos de 30 segundos de músicas que estiveram no Top 10 da Billboard de 1950 a 2016. Eles tiveram que dar uma nota de 0 a 10 pra cada uma dessas músicas. E o resultado? Surpreendente! A gente tende a preferir as músicas de quando tínhamos cerca de 17 anos, formando uma espécie de curva em U, com o auge na adolescência. Claro, isso varia de pessoa pra pessoa — uns podem ter esse "pico" um pouco antes ou depois.
Interessante é que, antigamente, os estudos mostravam que esse ápice acontecia por volta dos 23 anos. A queda pra 17 pode ser reflexo das mudanças trazidas pela era digital, que revolucionou a forma como consumimos música.
Hoje, DJs e rádios estão espertos com essas descobertas. Eles sabem que entender a faixa etária do público é essencial pra montar playlists que mexam com a nostalgia e toquem o coração da galera. Nas rádios e nas pistas, músicas que foram sucesso há 15 ou 20 anos estão voltando com tudo, seja em sua versão original ou remixada com uma pegada moderna. David Guetta, por exemplo, é mestre em misturar o som do passado com o presente, criando um equilíbrio perfeito entre o velho e o novo.
Outro grande exemplo é o Tiësto, que adora revisitar clássicos e dar uma cara nova aos hits antigos, enquanto o Diplo vai fundo nos remixes de músicas que marcaram gerações, acertando aquele "pico da nostalgia" que faz a galera vibrar. E não para por aí! Rádios e produtores estão mirando em faixas etárias específicas para promover eventos e lançamentos, destacando as músicas das “eras de ouro” de cada geração.
A nostalgia musical é uma força poderosa que conecta gerações e atravessa qualquer gênero. DJs e produtores que entendem isso conseguem criar experiências musicais que tocam a alma. Mas tem um detalhe: não dá pra viver só de passado. O segredo está em equilibrar a nostalgia com a inovação.
Aqui vai uma dica: experimente o "Princípio 70/30". Dedique 70% do setlist a músicas conhecidas, que todo mundo ama, e reserve os outros 30% pra experimentar coisas novas e surpreender o público. Isso garante que a pista continue lotada e ainda dá espaço pra você mostrar seu lado criativo.
Afinal, grandes revoluções musicais surgiram de sons novos que ninguém esperava — pense no Kraftwerk, Daft Punk e Frankie Knuckles. Todos eles usaram o passado como trampolim, mas não se prenderam a ele.
Então, por mais que a nostalgia seja uma ferramenta incrível pra conectar com o público, não deixe que ela te prenda ao passado. Se desafie a criar, descobrir novos sons, colaborar com artistas diferentes, explorar novas tecnologias. Quem sabe aquela música que você tá segurando pra tocar pode ser o próximo grande hit?
No final das contas, não é sobre escolher entre passado e futuro, mas sim sobre construir uma ponte entre eles. Use a nostalgia pra tocar o coração da galera, mas não tenha medo de levá-los a novos horizontes sonoros. A nostalgia pode ser o que coloca as pessoas na pista, mas é a inovação que vai mantê-las dançando até o amanhecer. O futuro da música tá nas suas mãos — ou melhor, nos seus fones de ouvido.